Bora lá encher a sala da AASUL!


Sala da AASUL em 2007

Uma piquena partilha - segundo acto

E continuamos nos Torres...
Antes de mais quero agradecer ao meu irmão Miguel Torres pelo facto de me aceitar no grupo “dele”, quero eu dizer que, poderia ser estranho para ele eu entrar assim de repente no mundo dele e começara dar-me com as mesmas pessoas que ele, mas não o Mike foi impecavél e para que eu me sentisse bem dentro da AASUL a aprovação dele era essencial (tas aqui bro’).
Agradeço também à AASUL por me ter recebido de braços abertos, senti-me integrado logo na primeira hora em que estive com o grupo. O jantar em casa da Mariana (que estava óptimo eheh) reforçou a minha opinião em relação à AASUL, são um grupo fantástico, cheio de força, são todos impecáveis, já vos adoro a todos e fico logo bem disposto só de pensar que vou fazer alguma actividade que tenha a ver com a AASUL, seja ir a uma reunião, uma noite de oração, ir para a sala da AASUL chatear as telefonistas da Lúsiada e cravar patrocínios às empresas (podem ter descoberto aqui um telefonista, atenção!).

O que é que eu venho trazer de bom à AASUL? Bem, trago sempre comigo um canivete Suíço, um sorriso e boa disposição YUPI!!! A sério, acho que posso dar à AASUL o que todos os que fazem parte dela dão, apenas venho ser mais um, e como se costuma dizer, “quantos mais melhor!”
O grande objectivo que me fez vir aqui parar é a vontade de ajudar, fazer a diferença, ver o sorriso que uma velhinha me deu depois de eu lhe ter oferecido uma flor, são estas pequenas acções que podem marcar uma pessoa, e se conseguirmos marcar assim o maior número de pessoas seremos felizes, não porque ficamos bem vistos perante a sociedade, não porque se fizermos boas acções temos lugar garantido no céu, mas porque simplesmente nos faz sentir bem e dá-nos paz interior. Espero poder ter a possibilidade de fazer uma actividade para poder começar a tocar as pessoas e fazer a tal diferença no dia de alguém, por mais pequena que possa ser.

(peço desculpa se tornei este texto confuso, tenho tendência para isso, o que na minha cabeça faz sentido no “papel” deixa de o fazer...)

Beijinhos e abraços e viva a AASUL que já acendeu uma luz na minha vida!

Vasco Torres

Testemunhos

Começo eu...

A realidade da maioria das pessoas que me rodeiam é uma realidade confortável, em graus diferentes e estruturas familiares diversas, mas ainda assim confortável, sem grandes histórias de dificuldades ou solidão ou abandono que se relacionassem directamente comigo. As dificuldades do mundo, embora me atingissem, eram distantes, no ecrã de uma televisão ou na mão de um mendigo que se esquecia ao virar da esquina.

Como acontece muitas vezes, foi preciso que a vida trocasse as voltas à minha realidade e que experimentasse sofrimento para estar mais atento ao mundo que me rodeia, e descobrir a humanidade que nos une a todos, ainda que à distância. As noticias deixaram de ser apenas noticias e os mendigos não eram apenas mãos, eram pessoas que por diversas circunstâncias sofriam como eu sofri, mas naturalmente não tiveram uma sólida estrutura familiar para os apoiar, condições financeiras para ultrapassar certos obstáculos ou a sorte de terem nascido numa terra de maior abundância e sem conflitos.

De olhos abertos para este novo mundo que assumi então, também, como meu, cheguei à A.A.S.U.L. em 2005, e combatendo a preguiça e arregaçando as mangas, comecei a visitar um lar de idosos no bairro da Serafina. Que esperava eu poder oferecer, que tinha eu para dar, como podia eu chegar àquelas pessoas que não conhecia e que em muitos casos nada tinham a ver comigo, como podia eu construir as pontes necessárias? Cedo percebi, passado o constrangimento inicial, que a minha presença, o meu tempo e a minha disponibilidade eram suficientes para me integrar no meio daquelas pessoas que nada tinham feito a não ser sobreviver até idades avançadas, para serem postos de lado, descartados, esquecidos.
Muitos contavam obviamente com o apoio da família que via naquele lar de boas condições, onde trabalhavam enfermeiras e auxiliares competentes, onde eram servidas todas as refeições do dia com qualidade, onde existia acompanhamento de um padre (apoio tão importante para aqueles que se apoiam na religião), onde tudo corria com naturalidade. No entanto, as boas condições de um lar nunca são suficientemente fortes ao ponto de fazer esquecer que não se está em casa, que se cumprem horários estabelecidos por outras pessoas, que se é obrigado a estar na presença de pessoas, as boas condições na chegam para fazer esquecer que num lar tomam conta das nossas rotinas.

A minha presença no lar limitava-se a todas as semanas assumir o compromisso de visitar pessoas que não me estavam ligadas, e no cumprimento desse compromisso, na minha visita, enquanto ajudava a distribuir os jantares, enquanto me sentava na sala de convívio para dois dedos de conversa, enquanto visitava nos quartos aqueles que estavam acamados, o sentimento de ter alguém que vem estar “connosco”, de haver jovens que se preocupam, de não se ter sido totalmente esquecido, pessoas que querem estar, querem ouvir.

É um trabalho de muita importância, porque implica sair de nós próprios e pensar nos outros, no facto de todas as semanas ainda que se seja atacado pela preguiça de sair de casa se combata essa preguiça e se saia, deste encontro de boa vontade, desta troca de experiências, deste gesto de humildade e amizade, naturalmente por um lado se anima uma existência mais ou menos triste e por outro se enriquece o espírito daqueles que se deitam ao fim do dia com o sentimento de terem feito qualquer coisa que perdurará, qualquer coisa indescritível e boa, ou pelo menos a tentativa.

Miguel Torres

Na manga:

Arraial, Faduxo, Jantar, ensaboadela de Missas, o tal SORRISO! :D

em repeat...

"Não basta abrir a janela"

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Alberto Caeiro