Reflexão da peregrinação

As viagens da nossa vida têm um princípio um meio e um fim. São momentos que têm uma cronologia definida e durante o tempo que duram têm uma morte anunciada, porque nada é eterno, porque há mudança e evolução.
Nesta mudança, neste largar das coisas que julgávamos conhecer para abraçar novas, o nosso eu transformado e quem sabe mais cheio (cheio de quê), colecciona experiências e através destas, a sabedoria de ter vivido, de ter visto.

As viagens da nossa vida têm um principio, um meio e um fim se apenas forem uma sucessão de momentos vazios, que largamos para trás, que despimos sem nada guardar, não são o principio de nada, fecham-se em si mesmas, nas coisas óbvias e que não levam mais longe.

Durante esta semana, muitas viagens começaram ou continuaram, continuámos a viagem dos Sonhos de Martin Luther King, do Amor de Madre Teresa de Calcutá, da Paz de Ganghi, ou da fé de Tutu, numa caminhada que não se encerra em si mesma, mas que é um prolongamento de todos eles e de nós mesmos – não somos todos um só afinal, ligados por fios invisíveis, por um amor difícil de explicar, de nomear, de caracterizar?

Esta caminhada não tem fim nem começou agora, construímo-la todos juntos, na Aasul e em Fátima, fora da Aasul e sem geografia, em lutas raciais, no amor ao outro. A todos nós, resta-nos pensar na força da nossa convicção, no empenho que pomos em ser verdadeiros, e em tentar que os caminhos que por nós passaram e que percorremos, sejam caminhos de amor e compreensão.

Sem barreiras.
Sem cronologias.
Sem fim.